Ediel do churrasquinho e mulher de ex-Prefeito de São Pedro da Aldeia envolvidos no esquema milionário de rachadinha da UERJ

POLITICANDO

A Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) pagou ao menos R$ 2,4 milhões a aliados dos líderes do PL, partido de Jair Bolsonaro, na Câmara e no Senado, e a um dos principais assessores de Carlos Bolsonaro (Republicanos) na Câmara do Rio. As contratações em projetos de pesquisa com folhas de pagamento secretas se concentraram às vésperas da campanha eleitoral de 2022.

O UOL identificou nas folhas de pagamento sem transparência de projetos da Uerj ao menos 20 aliados de Altineu Côrtes, líder do PL na Câmara. Entre eles, estão um vendedor de churrasquinho e uma acusada de praticar “rachadinha” que fizeram campanha para Côrtes. Quinto deputado mais votado do RJ em 2022 (167.512 votos), ele tem estado na linha de frente da defesa de Bolsonaro em meio às recentes investigações.

Os dados, sob sigilo, aos quais o UOL teve acesso, mostram que os pagamentos aos apadrinhados dos bolsonaristas ocorreram em 2021 e 2022, mas se concentraram no primeiro semestre do ano passado, véspera da campanha eleitoral. Eles foram contratados como bolsistas em dois projetos —um de inovação em escolas públicas e outro de educação profissional— realizados com recursos estaduais e federais transferidos a partir de órgãos do governo Cláudio Castro (PL).

Vendedor de churrasquinho
O UOL localizou nas folhas de pagamentos da Uerj 20 aliados do deputado federal Altineu Côrtes. Eles receberam ao menos R$ 2 milhões do projeto ECO (Escola Criativa e de Oportunidades). Entre os contratados, está o ex-vereador de São Pedro D’Aldeia (RJ), na Região dos Lagos, Ediel Teles dos Santos, conhecido como Ediel do Espetinho. Famoso pelo churrasquinho que vende em uma praça da cidade e em municípios vizinhos, Ediel divulgou eventos de apoio a Côrtes em suas redes sociais. Segundo a Uerj, os aliados do líder do PL na Câmara atuaram em “gestão estratégica, voltada para atividades de melhoria e qualificação dos processos de gestão desenvolvidos na Secretaria Estadual de Educação”.

Apesar de não demonstrar qualquer experiência nessa área, Ediel recebeu R$ 94,3 mil brutos entre janeiro e outubro de 2022. Procurado pelo UOL em sua casa, Ediel se surpreendeu quando questionado sobre os serviços prestados. Ele respondeu que tinha que resolver algo dentro da residência, fechou a porta e não apareceu mais. Pelas regras do projeto, que consumiu com pagamento de pessoal mais de R$ 100 milhões entre o início de 2021 e agosto de 2022, os contratados não eram obrigados a cumprir carga horária. A origem desse dinheiro é o Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica), cujos recursos vêm dos âmbitos municipal, estadual e federal. Em nota, Altineu Côrtes afastou qualquer ingerência nas contratações. O deputado disse que “não fará considerações acerca de ‘coincidências’, já que os critérios para as contratações foram estabelecidos pela Uerj”. Por sua vez, a universidade falou que “a seleção é feita por análise de currículo e entrevistas (…). As atividades realizadas são detalhadas em relatórios, além de atestadas pelos coordenadores, em documentação analisada pelos órgãos de controle interno.”.

Presa por suspeita de praticar ‘rachadinha’ é esposa do ex-Prefeito de São Pedro, Rodolfo Pedrosa: 

Shirlei Aparecida Martins Silva ganhou da Uerj R$ 84.815 entre agosto de 2021 e fevereiro de 2022. Ela é outra bolsista que participou de atos de apoio a Côrtes na Região dos Lagos. Shirlei e Ediel atuaram juntos pela eleição do deputado federal. O UOL apurou que ela coordenou a captação de votos para o bolsonarista na região, apesar de nem ela nem Ediel constarem na prestação de contas de campanha do líder do PL.

Em 2018, Shirlei chegou a ser presa na Operação Furna da Onça, do MPF (Ministério Público Federal), por suspeita de participar de um esquema de “rachadinha” envolvendo o então deputado Edson Albertassi. “Na qualidade de chefe de gabinete de Albertassi, era a responsável por receber o dinheiro proveniente da suposta corrupção, além de ocultar e dissimular a origem da verba espúria”, disse o MPF à época.

Shirlei alega inocência. A defesa dela afirmou que a bolsista não contou com indicação política para ser bolsista da Uerj, mas com suas “credenciais de assistente social e professora aposentada”. “Sobre participação em redes sociais em campanhas políticas, nas últimas eleições, praticamente todos os brasileiros se manifestaram nas redes sobre suas posições, e não receberam por isso, assim como ela”, afirmou a defesa da cabo eleitoral.

. Com informações do UOL

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O jornalista Juarez Volotão apresenta o Programa “Falando Francamente Com Você”, de segunda a sexta, às 7h e 30 na Nossa Rádio 102,5 FM e também escreve para O Dia Búzios.