A eleição de domingo (6) trouxe uma nova configuração política para as câmaras de vereadores das cidades da Região dos Lagos. O novo desenho entre base e oposição poderá influenciar diretamente os mandatos de alguns dos prefeitos eleitos para o período de 2025/2028. É o caso, por exemplo, de Búzios e Araruama, onde os gestores eleitos podem ter desafios significativos, segundo especialistas ouvidos pela Folha.
Com um total de 17 vereadores eleitos para a casa legislativa, a nova prefeita de Araruama, Daniela de Lívia, terá 11 vereadores na base e seis da oposição. Mesmo tendo maioria, ela vai precisar de uma boa articulação para evitar paralisações administrativas.
– Embora a maioria governista seja confortável, os opositores ainda podem dificultar a vida do governo caso decidam se organizar para travar discussões sobre projetos polêmicos, principalmente em pautas que necessitem de maioria qualificada, como orçamento e grandes obras – afirmou João Augusto Nogueira, advogado especializado em direito eleitoral e administrativo. Ele afirmou ainda que a nova configuração do legislativo municipal de Araruama é mais voltada para direita e centro-direita. O MDB tem quatro vereadores; Republicanos três; Solidariedade um; PRD, PL e Cidadania dois; Novo, PDT e União um.
Búzios apresenta o cenário mais crítico entre todas as cidades da região: são seis vereadores de oposição e apenas três na base do governo para o próximo mandato do prefeito Alexandre Martins. Diante desse quadro, especialistas afirmam que ele pode ter grandes dificuldades para aprovar projetos de forma direta, precisando de muita habilidade política para negociar e, possivelmente, ceder em pontos fundamentais.
– Sem o apoio da maioria do legislativo, o prefeito buziano pode ter dificuldades com aprovações orçamentárias. Também pode ter muitos projetos vetados, ou mesmo alterados pela oposição. Para evitar que a Câmara limite as ações do governo, Alexandre vai precisar construir alianças pontuais para evitar paralisias – afirmou o também advogado Marcos Teixeira. Assim como em Araruama, a nova composição do legislativo municipal é buziano é mais conservadora: PRD, MDB e Republicanos terão dois representantes cada um, enquanto PL, Solidariedade de DC terão um cada.
Enquanto os prefeitos de Araruama e Búzios precisarão de certa habilidade no trato com os vereadores, os novos gestores do Executivo em Arraial do Cabo, Iguaba Grande e Saquarema terão situação extremamente favorável porque 100% dos vereadores eleitos pertencem à base de apoio do governo. Neste caso, segundo os especialistas ouvidos pela Folha, a governabilidade tende a ser fluida, com menos resistência na Câmara e agilidade para aprovação de leis e implementação de políticas públicas.
– No entanto, a falta de oposição também pode significar uma ausência de fiscalização rigorosa, criando um cenário em que o debate democrático e a crítica construtiva ficam enfraquecidos – alertou João Augusto.
Arraial, Iguaba e Saquarema seguem a tendência dos outros municípios com uma Câmara mais conservadora. O município cabista terá a seguinte composição: um vereador do PSDB, Cidadania e PSD; dois do MDB e quatro do PL. O legislativo iguabense terá um vereador do MDB, Solidariedade, PSD e Republicanos; dois do União e três do Cidadania. Na nova Câmara de Saquarema o PL terá três representantes, enquanto PSDB, União, Solidariedade, PSD e PP terão dois, cada.
Em Cabo Frio, dr Serginho vai governar com 13 vereadores na base e quatro na oposição. Mesmo que os opositores possam levantar questões sobre transparência e criar alguns embates, o advogado João Augusto acredita que a gestão terá facilidade em questões mais consensuais.
– Mas pode enfrentar resistência em decisões que envolvam contratos, privatizações ou reajustes salariais – alertou. Embora tenha representantes mais voltados para a esquerda (PSB e PV com um vereador cada), a nova composição do legislativo municipal cabo-friense também é de maioria conservadora. O PL terá quatro representantes; PP e Podemos, três; Republicanos, dois; e União, PRTB e Avante, um vereador cada.
Reeleito em São Pedro da Aldeia, Fábio do Pastel terá oito oito vereadores na base e dois na oposição.
– Também deve ser um terreno fértil para a implementação das pautas governistas. Porém, como em Cabo Frio, os opositores podem buscar minar os planos do prefeito com críticas públicas e fiscalizações severas, exigindo estratégias para controlar a narrativa política – alertou João Augusto. Em São Pedro, a Câmara também apresenta uma inclinação predominante à direita e centro-direita: PL, Republicanos e Solidariedade terão dois representantes, enquanto MDB, PP e Podemos terão apenas um.
Fonte: Folha dos Lagos