Falar sobre autismo é falar sobre respeito, inclusão e, acima de tudo, humanidade. Em Cabo
Frio, como em tantas outras cidades do Brasil, milhares de famílias convivem com os desafios
diários de cuidar de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O poder público precisa
enxergar essas famílias, ouvir suas necessidades e construir políticas que garantam dignidade,
acolhimento e oportunidades reais.
Infelizmente, ainda lidamos com uma realidade de invisibilidade. Faltam dados precisos,
capacitação adequada nas escolas, apoio psicológico, acesso à saúde especializada e,
principalmente, empatia. A inclusão não pode ser apenas uma palavra bonita em discursos; ela
precisa acontecer na prática, com ações concretas.
Tenho aprendido muito com pais, mães e cuidadores que lutam diariamente por seus filhos.
São histórias de amor, resiliência e também de cansaço, pois muitas vezes se sentem sozinhos
diante de um sistema despreparado. Precisamos fazer mais. Precisamos fazer diferente.
Defendo que Cabo Frio avance em três frentes urgentes:
1. Mapeamento e diagnóstico: sem dados, não há política pública eficaz. É fundamental
saber quantas pessoas com TEA vivem em nossa cidade e quais suas necessidades
específicas.
2. Capacitação de profissionais: professores, agentes de saúde e servidores públicos
precisam estar preparados para lidar com o autismo de forma humanizada e eficiente.
3. Criação de um Centro de Referência em Autismo: um espaço especializado, com equipe
multidisciplinar, onde as famílias possam buscar apoio, tratamento e orientação.
Como cristão, acredito que cuidar dos mais vulneráveis é um dever moral. Como cidadão e
agente público, vejo que é também uma responsabilidade social. Incluir é mais do que adaptar
espaços é mudar mentalidades, é construir uma cidade onde cada pessoa, com suas
singularidades, tenha vez, voz e valor.
Falar em destinar parte das multas municipais para políticas de apoio às pessoas com autismo
foi, à primeira vista, uma iniciativa que merecia aplausos. Mas quando aplaudimos sem
perguntar “como” e “quem” administra, corremos o risco de transformar boa intenção em
ineficácia ou pior em manobra para maquiar falta de políticas públicas estruturadas.
Pergunto ao prefeito: quem vai fiscalizar esses recursos? Que órgão será responsável por
definir critérios e garantir que o dinheiro chegue a quem realmente precisa? Quantos autistas
vivem hoje em Cabo Frio? Existe cadastro, plano e equipe técnica para atender essa demanda?
Esse dinheiro irá permitirá a criação de um centro de referência ao autismo? Tirando do
município a responsabilidade da criação deste equipamento. Outra parte importante é, e a classe
PCDs? Foram esquecidos pelo governo?
A população merece mais do que slogans. Merece políticas públicas com metas, fiscalização,
e prestação de contas. Se o prefeito quer melhorar a vida de pessoas com autismo, que então
apresente os números, abra os documentos e permita a fiscalização pública. Só assim saberemos
se a lei é de fato proteção ou apenas espetáculo.
Vem comigo, que no caminho eu te explico.
