Nos últimos meses, temos visto a Prefeitura de Cabo Frio anunciar programas voltados à causa
autista, como o “Multa do Bem Azul” e o “Vaga do Bem”. A ideia, em teoria, parece nobre:
destinar parte de multas ou isenções para entidades que cuidam de pessoas com Transtorno do
Espectro Autista (TEA). Mas quando olhamos mais de perto, percebemos um problema que
precisa ser dito com clareza: por que apenas o autismo? E onde ficam na totalidade as classes
dos PCDs?
Defender a inclusão é defender todas as pessoas com deficiência e não apenas uma parcela
delas. Em Cabo Frio, temos cidadãos com deficiência física, visual, auditiva, intelectual e múltipla,
todos enfrentando barreiras enormes no acesso à saúde, educação, transporte e trabalho.
Quando o governo escolhe priorizar apenas um grupo, por mais justa que seja a causa, acaba
deixando milhares de pessoas esquecidas, invisíveis aos olhos do poder público.
A política pública não pode ser construída com base em simpatia ou conveniência eleitoral.
Ela precisa ser planejada com dados, critérios e transparência. Por isso, é urgente saber:
Quantas pessoas com deficiência existem em Cabo Frio?
Quais delas estão sendo atendidas?
Quem fiscaliza as doações e os programas anunciados?
Existe plano de ação para as demais PCDs?
O fato de existir o cadastro (CADI-PCD) é positivo, mas não localizei até agora um
pronunciamento público detalhado explicando como todas as deficiências (física, visual,
auditiva, intelectual) serão atendidas de modo equivalente ou com cronograma claro.
Nada contra apoiar as pessoas com autismo pelo contrário, essa é minha luta que venho
lutando há alguns anos para a criação da casa do Autista mas uma gestão verdadeiramente
inclusiva precisa olhar para todos. A criança com paralisia cerebral que não consegue chegar à
escola por falta de transporte adaptado também precisa ser vista. O jovem surdo que não
encontra intérprete na rede pública também precisa ser ouvido. O idoso cadeirante que não
consegue circular pelas calçadas da cidade também merece atenção. Isso é inclusão de verdade.
Cabo Frio precisa de um Plano Municipal de Inclusão que envolva todas as deficiências, com
metas, orçamento e participação das famílias e entidades. Precisamos parar de agir por emoção
e começar a agir por planejamento.
Como cristão, acredito que servir é cuidar de todos, sem distinção. E como cidadão, vejo que
a boa política nasce da justiça e da equidade. Por isso, deixo aqui um apelo e uma cobrança a
senhor prefeito Dr. Serginho que apresente os números, os critérios e os resultados das ações
que vêm sendo anunciadas. E que estenda o mesmo olhar, o mesmo esforço e o mesmo recurso
a todas as pessoas com deficiência de Cabo Frio.
Porque inclusão de verdade não escolhe quem merece ser incluído. Inclusão é para todos!





