MPF cobra ações urgentes para prevenir suicídio e automutilação em Niterói (RJ)

Plano estratégico deve contemplar banco de dados, capacitação e campanhas de prevenção

O Ministério Público Federal (MPF) recomendou à prefeitura de Niterói (RJ) a implementação imediata de medidas efetivas para prevenção do suicídio e da automutilação. A recomendação cobra do município a execução integral das leis federal e municipal, que instituem políticas de prevenção a esses casos.

Na recomendação, o MPF estabeleceu prazo de 60 dias para o município apresentar um plano estratégico com medidas concretas, incluindo campanhas permanentes em escolas, unidades de saúde e espaços comunitários e protocolos claros para identificação, encaminhamento e tratamento de pessoas em risco.

O MPF também recomendou capacitação contínua de profissionais da rede pública e de agentes comunitários de saúde para detectar e agir preventivamente; atendimento a familiares de vítimas de suicídio e automutilação e a criação de serviço telefônico 24h, gratuito e sigiloso, para apoio emocional e parcerias com entidades sem fins lucrativos para assistência a vítimas e famílias.

Assinada pelo procurador da República Paulo Cezar Calandrini Barata, o documento também recomenda a atualização periódica de indicadores e estabelecimento de metas para reduzir vulnerabilidades e a criação de um banco de dados epidemiológicos para monitoramento de casos e formulação de políticas públicas.

“A omissão do poder público em garantir o direito fundamental à saúde mental, previsto na Constituição, pode levar à responsabilização de gestores por atos de improbidade e até mesmo de caráter criminal. É urgente que o município elabore um plano estratégico estruturado e efetivo”, afirmou o procurador.

Deficiências no sistema de saúde e dados preocupantes – De acordo com o MPF, há falhas graves na rede pública de saúde de Niterói e aponta a falta de articulação entre os serviços de atenção psicossocial, a inexistência de protocolos consolidados para encaminhamento de pessoas em risco. Quanto aos grupos mais vulneráveis, o MPF destaca a ausência de campanhas específicas para jovens nas escolas e fragilidade no acompanhamento de pessoas em situação de rua, pessoas LGBTQIAP+, idosos e dependentes químicos.

As questões apontadas na recomendação já foram levantadas em ofícios enviados à Prefeitura, mas não foram adequadamente respondidas. O Instituto Pro Vita, em depoimento ao MPF, confirmou a precariedade na implementação da política de prevenção.

Acatamento – A prefeitura, a Secretaria Municipal de Saúde e a Fundação Municipal de Saúde têm 20 dias para informar ao MPF se acatam ou não a recomendação. Em caso de recusa ou omissão, o Ministério Público poderá adotar medidas judiciais para assegurar a efetivação das políticas públicas.

“O enfrentamento do suicídio exige planejamento, integração da rede de saúde e políticas públicas consistentes, sob pena de continuarmos perdendo vidas para um problema evitável”, alertou o procurador.

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Theo Vieira
Pós graduado em História do Brasil pela Universidade Candido Mendes e Graduado em Comunicação Social, com habilitação para Jornalismo, pela Universidade Veiga de Almeida. Atua como jornalista e apresentador dos programas “Super Manhã” de Segunda a Sexta das 5h às 07h e o “Sabadão da Nossa Rádio”, todos os Sábados de 09h ao meio dia, pela Nossa Rádio FM.