Família denuncia descaso da saúde aldeense após morte de Jorge Carlos, de 44 anos

Homem procurava atendimento no Pronto-Socorro de São Pedro da Aldeia para solucionar falta de ar há meses, mas era liberado sem a realização de exames

Um caso de suposta negligência na unidade de Pronto-Socorro de São Pedro da Aldeia teria resultado na morte de Jorge Carlos, de 44 anos, neste fim de semana. Segundo familiares, o homem estava há meses procurando a unidade de saúde com um quadro de falta de ar extrema que, sem a realização de exames, era atribuído a estresse e ansiedade. No entanto, se tratava de uma massa no tórax, que pressionava o coração e grandes vasos, e exigia cirurgia urgente.

De acordo com relatos da esposa de Jorge, Isabela Estrella, a condição foi descoberta através de um exame de raio-x no dia 2 de maio. Com o diagnóstico, a família de Jorge iniciou uma luta pela realização do exame de angiotomografia com contraste — que avalia artérias e veias do corpo —, transferência e internação do homem em um Hospital com UTI e suporte cirúrgico, mas não foi atendida. E ao longo do mês, Jorge foi mantido em um leito improvisado e levado ao Hospital Estadual Roberto Chabo (Herc), em Araruama, para a realização de tomografias.
Isabella afirma ter procurado a secretária de Saúde de São Pedro da Aldeia durante a investigação do problema e após o diagnóstico, na tentativa de solucionar o caso e garantir o direito do marido ao atendimento médico. De acordo com a mulher, cerca de 30 pedidos de transferência e internação foram encaminhados ao Fórum e à pasta da saúde da cidade. A justiça chegou a determinar que as solicitações de Jorge fossem atendidas, mas a determinação não foi cumprida.

“No dia 09 de maio, a Justiça determinou a transferência imediata em até 24 horas para um hospital com UTI e suporte cirúrgico. Caso não houvesse vaga na rede pública, o Estado deveria arcar com internação em hospital particular. Mesmo assim, a transferência não foi feita. No dia 13 de maio, a juíza reforçou a ordem e concedeu um último prazo de 24 horas, alertando que, se não for cumprida, autorizará a internação imediata em hospital privado com bloqueio de verbas públicas para pagar o tratamento.”, contou Isabela nas redes sociais.
Ainda segundo a mulher, a família ainda tentou contato com os Hospitais Pedro Hernesto, em Vila Isabel; Antônio Pedro, em Niterói; o HE Lagos, em Saquarema; e outros. Mas não havia vagas. Com a demora para conseguir o atendimento adequado, o resultado foi a piora dos sintomas de baixas plaquetas, falta de ar, dores intensas. Até o falecimento.

“Foram 12 dias esperando e o quadro se agravando. O Estado não nos deu a chance de tentar. Afinal, não sou política e nem tenho dinheiro para comprar um leito, né? Isso é Brasil! Pedi ajuda a todas as autoridades e políticos que pude aqui por São Pedro. Quanto às idas antes da internação, a Secretaria de Saúde não fez nada. Eu fui a eles e expliquei tudo o que estava acontecendo e me negaram um exame. Por que é caro? Por não ser um deles? E agora, quem traz meu marido de volta?”, questinou Isabela diante da perda do marido.
O portal Fontecerta.com entrou em contato com a prefeitura de São Pedro da Aldeia para entender o motivo do exame de angiotomografia ter sido negado a Jorge, mesmo após a indicação de necessidade. Solicitamos também pronunciamentos da secretária de Saúde do município sobre a denúncia de descaso, para saber o que será feito para evitar casos como este, e da Secretaria Estadual de Saúde, para entender a falta de vagas para internação. A matéria será atualizada assim que recebermos resposta.

Por Fonte Certa

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Theo Vieira
Pós graduado em História do Brasil pela Universidade Candido Mendes e Graduado em Comunicação Social, com habilitação para Jornalismo, pela Universidade Veiga de Almeida. Atua como jornalista e apresentador dos programas “Super Manhã” de Segunda a Sexta das 5h às 07h e o “Sabadão da Nossa Rádio”, todos os Sábados de 09h ao meio dia, pela Nossa Rádio FM.